Durante três dias, a Usina da Paz Jurunas/Condor se encheu de vozes, risos e memórias vivas. A celebração do Dia do Brincar não foi apenas uma atividade para crianças — foi um verdadeiro reencontro com a essência do que é ser humano: brincar, conviver, partilhar. Nos corredores da biblioteca, onde o silêncio costuma reinar, ouviram-se risadas e histórias contadas não apenas pelos livros, mas pelos corpos em movimento e pelas lembranças evocadas. Ali, onde normalmente se busca conhecimento em páginas escritas, encontrou-se também sabedoria nas rodas de conversa e nas brincadeiras de antigamente que ressurgiram como tesouros redescobertos.

Na brinquedoteca, o tempo parecia ter voltado. Crianças e adultos se uniram em torno de brincadeiras que marcaram gerações. O bambolê rodava com graça, desafiando o equilíbrio e provocando gargalhadas sinceras. A amarelinha coloria o chão, e quem pulava sobre os quadrados riscados a giz parecia flutuar entre o passado e o presente. A queimada reacendia o espírito de equipe, a emoção da competição saudável, enquanto o cabo de guerra unia forças, literalmente, em uma corda puxada por laços invisíveis de amizade e cooperação. O jogo da velha e o stop, tão simples e ao mesmo tempo tão ricos, mostraram que não é preciso muito para exercitar o raciocínio e a criatividade — apenas papel, lápis e disposição para brincar.

No infocentro, as brincadeiras ganhavam novo formato. Os jogos online trouxeram a tecnologia para o centro da experiência lúdica, provando que o brincar também evolui, se adapta e se transforma com o tempo. Crianças exploraram mundos digitais, resolveram desafios em grupo, aprenderam a respeitar o outro mesmo em frente a uma tela. Ali, o brincar conectava, não só pela internet, mas pelo sentimento de estar junto, ainda que em ambientes virtuais.

O mais bonito de tudo foi ver que não havia idade para brincar. Avós relembrando seus tempos de infância ao lado dos netos, jovens redescobrindo o prazer do simples, educadores se emocionando ao ver o poder do lúdico como ferramenta de transformação social. A Usina da Paz tornou-se, durante esses três dias, mais do que um espaço físico: tornou-se símbolo de união, de memória coletiva, de pertencimento. Brincar não é só um direito da criança — é também um dever da sociedade: proteger, valorizar e promover esse ato tão fundamental. Porque brincar é aprender, é cuidar, é viver.

Ao final de cada dia, não era apenas o cansaço que se fazia sentir — era a sensação de missão cumprida, de espírito renovado. O Dia do Brincar, vivido com intensidade e afeto, mostrou que um brinquedo pode ser mais poderoso que mil palavras. Que uma amarelinha pode ensinar mais do que um quadro. Que uma roda de stop pode aproximar mais do que uma rede social. E que o verdadeiro jogo da vida começa quando a gente se permite brincar.

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